O
jogador português é como aquele espermatozoide empreendedor, às voltas com o
seu destino mas que teima em esbarrar num coito interrompido.
Primeiro
foram os S20 a ficar pelo caminho no desempate por pontapés na marca da grande
penalidade, nas ½ do Mundial da Nova Zelândia. A seguir foram os S21 a afinar
pelo mesmo diapasão, no jogo de atribuição do troféu de Campeão da Europa.
Ainda bem que o direito à presença nos jogos olímpicos não depende deste
expediente senão…
É
ponto assente a qualidade do trabalho desenvolvido pelas selecções de base da
Portuguesa, com projectos consolidados numa estrutura de técnicos a que não são
alheias as equipas B dos clubes onde a maior parte dos jogadores têm tido
possibilidade de ganhar lastro para enfrentar os desafios colectivos. A actual
fornada de atletas promete matéria-prima suficiente para assegurar o futuro da
selecção principal e um nível elevado de competência técnica e o futebol
enleante a que, por defeito, nos fomos habituando.
Se
há mérito nas caminhadas recentes das selecções jovens é o de trazer à colação velhos
hábitos de quase glória que fizeram do futebol português um candidato efectivo
às vitórias morais e às cantilenas de azedume contra uma “sorte” madrasta que
fez do fado uma alma tão nossa.
Com
efeito, se no futebol o triunfo fosse definido pelo mérito e pelas vitórias
morais, estaríamos no topo da hierarquia mundial. Dá-se o caso de alguém ter
inventado esse pormenor tão singelo do golo para separar o trigo do joio,
sublimando de forma tão subtil quanto amarga a diferença entre a lembrança e o
esquecimento.
O
jogador português é por definição habilidoso e lutador, apaixonado e inventivo,
está mais crescido e possante, mas na hora “H” teima em ter medo de ser feliz.
Como um karma colectivo, um anátema que nasce com a gente e para o qual ainda
não se encontrou cura.
A velha questão da
mentalidade continua a não ter correspondência na confiança com que se atacam
objectivos. Conquistámos trinta metros aos anos 80. Agora só falta conquistar
11 metros. Alguém conhece um bom psicanalista?
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