segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sporting Jesus de Portugal


A política desportiva do Sporting para a época que se avizinha tem um nome e chama-se Jorge Jesus.


Cansado de promessas de redenção de um passado de glória alicerçadas na contenção de despesas e no seu centro de formação, o presidente leonino deu a mão à palmatória e decidiu entregar a quem sabe a sua política desportiva para o futebol. 

A decisão de Bruno de Carvalho foi um vistoso golpe de mãos a pedir meças aos velhos tempos de Pinto da Costa. Numa penada, rompe com um passado recente de modéstas virtudes, trazendo para o clube o segundo melhor técnico português da actualidade com a confiança cega na verdadeira essência do papel bíblico do profeta da redenção nascido para os lados da Amadora.

Em matéria de apóstolos, as notícias dão conta de verdades contraditórias. Como tem sido apanágio do futebol português, a mentira de ontem é uma verdade de hoje. “Vocês sabem bem do que estou a falar”.

O novo timoneiro dos leões, escolheu para cúmplice da sua visão periférica, dois figurões que, por razões distintas merecem destaque na controvérsia e maldizer próprios do metier sportinguista. Octávio Machado, aquele que tudo sabe mas nada diz, frontal como uma manhã de nevoeiro, disposto ao contra-fogo com a experiência acumulada no meio da piromania e Manuel Fernandes, recuperado para as vicissitudes leoninas qual Lázaro, após ter sido corrido de Alvalade com o atestado de incompetência de pior funcionário do clube. Ele há coisas fantásticas não há?

Com a entrega do poder efectivo ao treinador tri campeão, o Sporting rompe de vez com o paradigma da formação em detrimento de uma fuga para a frente. O tempo o dirá se esta terá sido a melhor opção. Jesus passa a dispor de liberdade total na definição do caminho a seguir, algo de que nunca dispôs no consulado vermelho. Este saberá melhor do que ninguém o que é preciso para ser bem-sucedido de leão ao peito. Resta saber se os cofres leoninos estarão cheios para satisfazer os apetites do seu técnico.

Não restam dúvidas quanto ao nascimento de um novo Sporting, o tempo dirá se se tratará de um Sporting novo. Com o Benfica no início de um novo ciclo de retracção orçamental e a versão acastanhada de um FC Porto determinado em recuperar velhos hábitos (...!), Jorge Jesus sabe bem da responsabilidade que assume perante a história dos seus novos seguidores. Como o próprio enfatiza no seu tom peculiar, a estrutura são vitórias, sendo certo que, na sua sagacidade, o mago da Reboleira, saberá como ninguém que os obstáculos mais difíceis ao seu sucesso gravitam na esfera próxima do clube, cuja política se confundirá, para o bem ou para o mal, com a sua própria identidade. A eloquência cega e um tanto destrambelhada da direcção verde e branca à mistura com a habitual horda de agitadores no seio da corte leonina, torna o terreno movediço para um treinador obcecado pela glória. “Espelho meu, haverá alguém melhor do que eu?”.

A ver vamos se o criador se substitui à estrutura e se o casamento recente não desvalará em despedimento por justa causa. Pelo sim pelo não, o melhor é Jesus deixar de levar pastilhas para os jogos.

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