Um dos momentos mais empolgantes do futebol é o relato de um golo aos microfones da rádio. Toda a emoção colectiva transbordando como uma repentina erupção vulcânica, vibrante e poderosa, capaz de arrepiar os cabelos. Será disto que muitos falam quando misturam orgasmos com futebol? Não sei. O que eu sei é que, ainda eu não me tinha vindo uma vez que fosse na escuridão solitária das noites da pré-adolescência e já os meus sentidos vibravam com as epopeias Uefeiras das equipas portuguesas, balançando entre um auto-golo em Budapeste e um penalty em Guimarães, um contra-ataque perigoso ecoando da distante Estocolmo e um canto no derradeiro instante de um teimoso 0-0, em Setubal. Nesse tempo, o que os olhos pouco viam, o coração sentia, descobrindo as texturas dos protagonistas através da arte do relato. Nessas alturas, se me perguntassem o que queria ser quando crescesse eu responderia sem hesitar, relatador desportivo, a seguir a futebolista, claro, da selecção nacional, de bigode farfalhudo e cabelo à Marco Paulo.
Relato dos golos da selecção nacional frente à Holanda (17.06.2012) através da Antena 1.
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