segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Blanco o fazedor de sorte

Foram precisas cinco vitórias para que ficasse fã de David Blanco, o ciclista galego que bateu o recorde de vitórias na Volta a Portugal em Bicicleta. Pode até dizer-se numa alusão bíblica que, antes de David era o verbo e o verbo chamava-se Marco Chagas. A manita do Camisola amarela da volta-à-metade-de. cima-de-Portugal é a vitória da força do carácter, tanto mais significativa quanto o ter sido conseguida aos 37 anos por um atleta a quem muitos prematuramente já tinham vaticinado o ocaso da carreira. Pois bem, se preciso fosse, David, atirou ás malvas as fraquezas próprias da terceira-idade e pôs-se pedalar, até ao fim, até à meta. Atrás de si deixou a vã glória dos que desistem antes mesmo de começar. 

Mais importante do que o talento natural para subir e descer montanhas, em Blanco seduziram-me pouco a pouco a bonomia e aquela humildade na medida certa com a qual encarou as etapas. No fim, do alto da sua consagração, vejo o seu orgulho a brilhar nos olhos e gravo do seu discurso uma frase que não é circunstâncial num momento de crise sócio-económica: "(esta vitória) espero que sirva para motivar as pessoas neste momento difícil". 

É engraçado como as palavras ganham outra grandeza pela boca de quem as pronuncia. Quantas vezes escutei discursos de incentivo da boca dos filhos da puta que nos governam e nunca como desta vez lhes dei o devido valor. O desporto é entretenimento e entretenimento é educação competindo aos seus símbolos a transmissão de  valores de superação e de combate. 

Diabos me levem se não me apetece pôr-me já a pedalar.



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