segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Jornaleiros, invejas e mosquitos por cordas


Real Madrid: Tensão entre Mourinho e espanhóis do plantel

Jornal Marca reproduz acesa troca de acusações entre treinador e jogadores, no rescaldo de mais uma derrota com o Barcelona. Sergio Ramos teve de ser acalmado. 
A derrota com o Barcelona, na quarta-feira passada, abriu feridas no balneário do Real Madrid. O jornal espanhol Marca deste domingo reproduz uma troca de palavras entre José Mourinho e o central Sergio Ramos, que indicia que o ambiente no seio da equipa já foi muito melhor.
Num artigo intitulado “Máxima tensão no balneário”, o jornal escreve que o “distanciamento entre Mourinho e o núcleo de jogadores espanhóis é cada vez maior”, exemplificando com o facto de o treinador sistematicamente defender nas conferências de imprensa os jogadores portugueses que alinham na equipa.
Para ilustrar a tese, o jornal reproduz então um diálogo entre Mourinho e vários jogadores, em especial Sergio Ramos, que teve lugar sexta-feira, no primeiro treino após o Clássico.
“Vocês mataram-me na zona mista”, começou por dizer o treinador a Sergio Ramos, referindo-se a declarações dos jogadores aos jornalistas após o jogo. O central respondeu: “Não, mister, você leu apenas o que saiu na imprensa, não tudo o que dissemos”.
“Amanhã serei eu que darei a cara na conferência de imprensa”, insistiu Mourinho, sendo de imediato contestado por alguns jogadores, que a Marca não especifica, e que o acusaram de ter dois pesos e duas medidas para situações semelhantes: “Claro, mister, você não nos deixa falar. Nem em entrevistas nem em conferências de imprensa. Você não gostou que o Iker [Casillas] tenha pedido desculpa ao Xavi, mas o que foi que o Pepe fez ontem no vídeo?”.
"Como os espanhóis foram campeões do Mundo, os vossos amigos da imprensa protegem-vos..."
"Claro que como os espanhóis foram campeões do Mundo, os vossos amigos da imprensa protegem-vos... Com o guarda-redes é a mesma coisa [referindo-se a Casillas, que está a alguns metros, a treinar com os outros guardiões]”, retorquiu Mourinho.
O guarda-redes, que ouviu, disparou: 'Mister', aqui as coisas dizem-se na cara, certo?"
Depois, Mourinho criticou a forma como a defesa do Real permitiu o golo do empate, apontado por Puyol num pontapé de canto. Estava determinado que fosse Sergio Ramos a marcar Puyol, mas durante o encontro os jogadores decidiram trocar as marcações. E o defesa do Barcelona fez o golo, aproveitando o espaço dado por Pepe.
Mourinho recriminou Sergio pela mudança de planos durante o jogo. "Onde estavas no primeiro golo, Sergio?" Resposta pronta: "A marcar o Piqué". Mourinho voltou à carga: “Mas tinhas de marcar o Puyol". "Sim, mas estava de costas para o Piqué e decidimos mudar as marcações". “Que se passou, agora és treinador?” O defesa respondeu de forma crítica: "Não, mas dependendo das situações no jogo, há alturas em que temos de mudar as marcações. Como você nunca jogou futebol, não sabe que às vezes essas situações acontecem".
Nesta altura a tensão aumentou e, segundo o jornal, vários jogadores pediram ao colega para se acalmar
in, Relvado

Esta noticia, que chega a reproduzir uma suposta troca azeda de palavras entre Mourinho e Sergio Ramos após o jogo da Taça contra o Barcelona, demonstra o poder que a imprensa desportiva tem no seio de determinados clubes e na manipulação da sua gestão, numa espécie de poder paralelo que coloca certos dirigentes numa posição de meras figuras ornamentais. 
O mais estranho não será o teor da conversa, coisa que deve ser comum no balneário de qualquer clube desta dimensão, mas o facto de demonstrar a fragilidade da estrutura do Real Madrid, que parece à  mercê das simpatias de jornaleiros de pacotilha ansiosos por aniquilar um treinador que pouco simpático e que não se curva perante esta espécie de iminências pardas. 
Tudo normal no universo de um futebol de dirigentes, comentadores, jornalistas e empresários, numa relação de promiscuidade onde a unica coisa genuina ainda são os adeptos. Por isso é bom não esquece-los pois, quando estes acabarem deixa de haver consumidores. Não é assim na política? 


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