terça-feira, 16 de junho de 2015

A Caravana das Virtudes


Na senda de uma corrente tão comum no dirigismo desportivo português, Bruno de Carvalho faz alarde de ser alarve mesmo quando ninguém lhe pede para abrir a boca. É claro que vivemos num país (cada vez menos) livre (!?) mas isso não significa que possamos ou devamos cuspir perdigotos para os olhos das pessoas sempre que nos der na real gana. Por uma questão de dignidade e de respeito por nós mesmos e os nossos.
O Presidente do Sporting tem o direito a ser imbecil. Naquele tom gutural de betinho reguila, BdC, aproveita todos os momentos para insuflar o peito de ar e investir sobre tudo e contra todos, ao jeito de mártir incompreendido. Bem sabemos como acabam aqueles que se deixam ofuscar pela ilusão do seu reflexo no espelho. Há muitos como ele, no desporto e fora dele, para quem a fuga para a frente, mais do que um projecto de carreira é uma (estranha) forma de vida. Ah fadistas!
Fazendo uso de uma modernaça política comunicativa, Bruno de carvalho aproveitou mais uma vez as redes sociais para curar a azia do insucesso das modalidades do clube. Vai daí, de uma penada, tratou de culpar o Mundo (mais uma vez) pela sua desgraça. Segundo ele, O campeonato de Andebol, a taça de Hóquei e o nacional de Futsal, foram perdidos por erros de arbitragem.
É natural que, para quem trabalha 24 horas para e pelo clube, não reste muito tempo para análises aprofundadas ou para debater as verdadeiras razões do insucesso, mas convinha, para bem das novas auroras floridas, que o relatório não se resumisse a um copy past estafado, redutor e minimalista dos arquivos do passado. Algo contraditório para quem se insurge tão eloquentemente contra os seus protagonistas internos.
Aprender a ganhar faz-se também (e muito) da dignidade com que se encara a derrota e se aceita o mérito dos vencedores (Convenhamos que neste particular não existem diferenças entre os três maiores clubes de Portugal e a dor de corno é um mal que ataca todos). Quem conseguir decifrar os sintomas dos tempos e as suas tendências, mais capacitado irá estar para ganhar mais vezes.
 
Se bem que existam bruxas e que nem sempre ganhem os melhores, ninguém no fundo acredita que o tal sistema seja SEMPRE responsável pela incompetência. Por essas e por outras é que certos Estados se vão adiando, comprometendo o seu futuro e adulterando o passado…
Por falar em Estado, a ele se dirigiu o inflamado presidente dos leões, exortando a intervenção deste para a moralização do desporto nacional. Ao pedir a tomada de posição do Estado, BdC está a sacudir a água do capote e a assumir a incapacidade dos dirigentes desportivos portugueses para enfrentar os seus próprios desafios. Bem vistas as coisas, até nem fica mal a Bruno de Carvalho este arremedo de humildade. O que se estranha é a tamanha ingenuidade de pensar que quem menos faz pela moralização das instituições se proponha ao desconhecido. Sorte tem o presidente leonino se aqueles a quem se dirige não inventarem uma taxa para a verborreia. Se as palavras pagassem imposto, BdC tinha de arranjar um mealheiro para não se endividar… ou então um investidor angolano.
Bruno de Carvalho devia recorrer a acompanhamento especializado em patologias do foro psicanalítico. Talvez Freud possa explicar os seus complexos de perseguição e sua tendência para a conflitualidade. Às vezes o silêncio pode ser mais avisado do que o ruido inócuo. Tal não devia segredo para alguém que é um poço de virtudes. Mas talvez isso não interesse para nada.     


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