
A noticia caiu que nem uma bomba no espectro futebolístico português. Se nas ultimas semanas começava a ser evidente o divórcio entre o Benfica e o seu carismático treinador, nada levava a crer que o técnico se fizesse á vida no outro lado da segunda circular.
A verdade é que a saída de Jesus da Luz se fez anunciar por alturas de Dezembro quando Luís Filipe Vieira prometeu para a época seguinte uma aposta efetiva na formação do clube e uma retração no investimento do futebol profissional. Nas entrelinhas estaria subjacente um recado para o treinador campeão nacional cuja apetência pelo produto interno sempre foi por si ostracizado.
Neste sim ou sopas, o apóstolo da Reboleira cedo terá percebido que o seu ciclo estaria no fim. O que não se percebe é todo o alarido e incómodo evidenciado com o anuncio do ataque sportinguista. Sendo Jesus um treinador livre de contrato, é obvio que este possa tomar aquela que para si lhe pareceu a melhor decisão para o futuro. Se LFV não estava interessado na continuidade do técnico podia e devia ter tomado conta dos acontecimentos ao invés de se deixar iludir pelas consequências. Ambos podiam ter concertado o anuncio da despedida e poupar-se a fait divers de julgamentos de carácter.
Na verdade o que parece é. Ao jeito de um finge-que-vai-mas-não-vai, o presidente do Benfica assumiu a mudança de paradigma no projeto da sua equipa principal, com sérias dúvidas quanto a tratar-se de Jorge Jesus a pessoa adequada para levar a cabo a mudança e ao mesmo tempo mostrando renitência a largar mão de alguém com competência provada para conquistar títulos. Se LFV não tivesse dúvidas sobre a solidez da tal "estrutura", todo este rambório dos últimos dias não se teria transformado num "Ai Jesus" e até sorriria com irónica bonomia perante os acontecimentos.

Se o Sporting for campeão, terá todas as condições para voltar a rugir, se ao invés, a época não for produtiva, o clube arrisca-se a ficar órfão dos seus credores e á mercê de um retrocesso na sua identidade, voltando a uma obscuridade que lhe poderá hipotecar o seu futuro. A direção leonina está convicta de que os fins justificarão os meios. A ver vamos se o copo estará meio cheio ou meio vazio.