domingo, 7 de junho de 2015

Jesus e a última ceia?


Deixemos a origem da árvore das patacas para os especialistas em exoterismo ou talvez para os criminalistas. Para o ano é que é. A frase feita, cuja origem se perdeu e perpetuou no tempo, adquire para a próxima época um renovado significado, após a contratação de Jesus pelo Sporting.

A noticia caiu que nem uma bomba no espectro futebolístico português. Se nas ultimas semanas começava a ser evidente o divórcio entre o Benfica e o seu carismático treinador, nada levava a crer que o técnico se fizesse á vida no outro lado da segunda circular.

A verdade é que a saída de Jesus da Luz se fez anunciar por alturas de Dezembro quando Luís Filipe Vieira prometeu para a época seguinte uma aposta efetiva na formação do clube e uma retração no investimento do futebol profissional. Nas entrelinhas estaria subjacente um recado para o treinador campeão nacional cuja apetência pelo produto interno sempre foi por si ostracizado.

Neste sim ou sopas, o apóstolo da Reboleira cedo terá percebido que o seu ciclo estaria no fim. O que não se percebe é todo o alarido e incómodo evidenciado com o anuncio do ataque sportinguista. Sendo Jesus um treinador livre de contrato, é obvio que este possa tomar aquela que para si lhe pareceu a melhor decisão para o futuro. Se LFV não estava interessado na continuidade do técnico podia e devia ter tomado conta dos acontecimentos ao invés de se deixar iludir pelas consequências. Ambos podiam ter concertado o anuncio da despedida e poupar-se a fait divers de julgamentos de carácter.

Na verdade o que parece é. Ao jeito de um finge-que-vai-mas-não-vai, o presidente do Benfica assumiu a mudança de paradigma no projeto da sua equipa principal, com sérias dúvidas quanto a tratar-se de Jorge Jesus a pessoa adequada para levar a cabo a mudança e ao mesmo tempo mostrando renitência a largar mão de alguém com competência provada para conquistar títulos. Se LFV não tivesse dúvidas sobre a solidez da tal "estrutura", todo este rambório dos últimos dias não se teria transformado num "Ai Jesus" e até sorriria com irónica bonomia perante os acontecimentos.

Independentemente do folclore em torno do despedimento de Marco Silva, o que é certo é que o golpe de asa dos responsáveis do Sporting surje como uma amostra de repentina vitalidade num clube farto de andar na sombra dos eternos rivais, pronunciando uma inversão total na politica desportiva e de gestão do clube de Alvalade. A aposta leonina é uma clara fuga para a frente, investindo todas as fichas num all in de elevado risco.

Se o Sporting for campeão, terá todas as condições para voltar a rugir, se ao invés, a época não for produtiva, o clube arrisca-se a ficar órfão dos seus credores e á mercê de um retrocesso na sua identidade, voltando a uma obscuridade que lhe poderá hipotecar o seu futuro. A direção leonina está convicta de que os fins justificarão os meios. A ver vamos se o copo estará meio cheio ou meio vazio.






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