segunda-feira, 15 de junho de 2015

Papoilas Saltitantes


Ora a ideia é apostar na formação para alimentar a equipa principal. Pois. Luís Filipe Vieira fala por uma meia verdade. É certo que o presidente do Benfica anunciou pomposamente e por decreto, uma equipa recheada de craques made in Seixal, e logo cinco (!). Nem mais nem menos. Uma mão cheia de panfletos para ilustrar o sucesso de uma década de investimento.
É inegável que LFV muito tem feito por uma das suas bandeiras predilectas, desde que pela primeira vez tomou posse como líder da marcha vermelha. A formação do jogador á Benfica, nado e criado na fábrica de talentos erigida para transformar a matéria, começou por ser uma quimera, após sucessivas gestões ruinosas e com a construção do actual estádio, que transformaram o clube numa entidade nómada, até começar a ver a luz do dia e a pronunciar auroras floridas (as papoilas saltitantes).
Ao assentar arraiais na margem sul, o clube soube construir uma estrutura sólida e competente, aliando num mesmo espaço físico, a tecnologia de ponta e os melhores métodos e profissionais. Inebriado pelo entusiasmo, Vieira, anunciou para breve a espinha dorsal da Selecção Nacional. É certo que o tempo é relativo, como as palavras. Nesta história de meias verdades, LFV bem podia estar a referir-se à sociedade global, estendendo os seus horizontes para lá das fronteiras lusitanas.
Com o dealbar da década, o Centro de Estágio do Seixal parece ter encontrado o seu ritmo ideal na produção de talentos. Dali têm saído nos últimos anos craques a troco de somas consideráveis. Como se diz da galinha, antes de o ser já era. Como se de um fenómeno se tratasse, o clube tem conseguido exportar os valores da sua cantera sem que o seja por via de uma natural exposição através da equipa principal. Se André Gomes chegou a ver a fazer alguns jogos na primeira equipa, outros como Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro ou Miguel Rosa, entre outros, pouco ou nada levaram para contar. Jesus sempre preferiu ganhar mais algum em comissões. Hábitos antigos…
Num plantel com vinte e cinco jogadores, dos quais cinco provenientes da equipa “B”, os sintomas apontam para mais um facelift profundo na base da equipa. Taarabt e Carcela, ambos internacionais marroquinos já assinaram, Zivkovic, está a caminho e os murmúrios apontam para outros mais. Mesmo dando de barato que Samaris, Pizzi, Gaitán, Talisca e Maxi poderão estar de partida, a política desportiva do clube da Luz evidência uma tendência para a circulação de jogadores que poderá não ser producente para um treinador acabado de chegar e com a pressão de substituir um técnico bicampeão.
No meio desta sangria desatada onde a Luz parece um entreposto de comercial, sobram dúvidas quanto ao efectivo aproveitamento de jogadores como Gonçalo Guedes ou João Teixeira os quais deverão estar talhados para outros voos mas longe da Luz, pela mão de Jorge “Midas” Mendes, já para falar das paletes que pululam no Seixal, à espera, quiçá, do mesmo destino.
A Rui Vitória caberá a última palavra, ou talvez não (estrutura oblige).

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