Parece que é definitivo. A FPF vai avançar para a profissionalização da arbitragem.
Ao longo dos anos, muito se tem falado sobre a questão, com a maioria das opiniões a pender maioritariamente para o lado da profissionalização, sob o pretexto de melhorar a qualidade dos juízos e diminuir a suspeição que desde sempre impende sobre a classe.
Num plano meramente teórico, tudo leva a crer que a decisão agora tomada pela direcção federativa parece ser a mais adequada. Desde logo porque um grupo de juízes dedicados em exclusivo à sua função cria condições para um desempenho mais rigoroso já que, por essa via, as equipas de arbitragem passam a dispor de mais tempo para uma preparação mais meticulosa para as suas funções e porque, numa modalidade profissional e de elite não fará sentido excluir a arbitragem desta realidade.
No entanto não é lícito que, a concretizar-se, a medida por si signifique arbitragens de maior qualidade ou que essa erradique a suspeição sobre a classe, tornando-a aliás mais vulnerável à critica, por estar sujeita a menos tolerância na análise do seu desempenho.
Nesta medida, importa definir os critérios para a profissionalização dos árbitros. Qual o número de juízes a beneficiar desse estatuto e que critérios estarão subjacentes à escolha desses elementos. Se este se basearem na classificação estabelecida pelo conselho de arbitragem, desde logo o processo nasce inquinado. Todos nos recordamos das peripécias com o processo classificativo no final da época passada, com arrufos e trocas de galhardetes entre o conselho e os árbitros.
Num mesmo plano, importa redefinir o estatuto de observador, processo que actualmente vive embrenhado numa atmosfera nebulosa, desempenhado por elementos sem preparação e tantas vezes manipulados nos bastidores para cozinhar classificações.
No fim de contas, profissionalizar sem moralizar mais não será do que maquilhar uma classe. Resta-nos o benefício da dúvida e acreditar que as boas intenções produzirão frutos novos e saudáveis de que o futebol português tanto precisa para se credibilizar.
Cá estaremos para ver.
0 comentários:
Enviar um comentário