quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Futebolês: Serviço Público

Numa época em que a crise é palavra mais repetida que a mais vulgar "caralhada" e consciente do meu dever de cidadania, cumpre-me propor uma série de medidas tendentes a enfrentar as agruras dos tempos que se avizinham. 

Sendo o futebol um dos vectores essenciais da sociedade portuguesa, formado pela famosa conjugação dos 3 F's: Fado, Futebol e Fátima debruçemo-nos sobre o jogo enquanto verdadeiro ópiácio do povo, disposto a 90 minutos de êxtase em troca de 7 sete dias de ressaca. Tudo porque a evolução deste fenómeno chegou a níveis de profunda erudição, o que deixa os menos versados sob o risco da iliteracia ao escutar ou ler um qualquer comentarista de ocasião nos relatos da rádio ou nas crónicas de A Bola. Noutros tempos, os de Jorge Jesus ou de Cajuda, havia uma equipa que atacava e outra que defendia. Simples. Hoje em dia existem as transições ofensivas ou defensivas, bascula-se e temporiza-se. O futebol mudou e treinador que não faça alarde do vocabulário técnico é um treinador datado e em vias de extinção. Digo mais, adepto que não pronuncie estes palavrões de sete e quinhentos arrisca-se a ser olhado de esguelha se se põe a armar aos cucos nas tertúlias de tasca. 

Por isso, talvez não fosse despiciendo (embrulhem lá esta erudição) a malta começar a alinhar nuns cursos de reciclagem de futebolês para fazer um figurão nos dias que vai ter de passar à porta do Centro de Emprego ou nos cafés de bairro à espera que a sorte mude. 

P. S. - já agora avisem a fauna bovina da Casa dos Segredos para aparecer também, não vá algum confundir Futebol com uma figura geométrica.






 

0 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...