Anos 80.
O cenário era um rectângulo de terra batida de balizas feitas com mochilas Palmares (ou Palmeres). O nosso campo de futebol, fronteiro ao portão principal da Escola Preparatória. Mesmo não havendo bola, a paixão inqualificável pelo golo continuava a satisfazer-se. No Futebol Humano havia espectáculo, golos e emoção com jogadas de fino recorte técnico.
O jogo era uma espécie de coito interrompido, faltava a magia do remate na rapaqueca mas acabava por entreter os putos durante as horas livres e atá propiciava a comunhão entre os sexos pois as equipas podiam ser mistas o que, no dealbar da sexualidade, levava o jogo para uma dimensão diferente.
As regras eram simples, não havia número limite de jogadores e ganhava a equipa que marcasse maior numero de golos que é como quem diz, quem conseguisse atravessar a linha de baliza da equipa contrária sem ser tocado por um adversário o que, a acontecer, obrigaria este a ficar retido no meio campo adversário até ser salvo (tocado) por um companheiro de equipa ou em caso de golo.
Não sei como é que ainda ninguém pensou em criar uma federação de futebol humano, com campeonato, taça e direito a ser reconhecido como desporto olímpico. Já imaginaram o que seria um Benfica vs FC Porto ou um Sporting vs Benfica neste desporto? Só o facto de se chamar Futebol despertaria paixões e o contacto físico seria levado ao seu expoente máximo a despeito de impedir o golo adversário.
Futebol Humano... ah e pensar que já tive 10 anos.
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