quarta-feira, 8 de julho de 2015

FC Porto já tem substituto para Jackson Martinez

Batistuta prepara-se para assinar pelo FC Porto. 


O avançado argentino tem efectuado uma preparação conservadora na última década de forma a estar em plena forma quando o campeonato começar. A eventual contratação do ponta de lança insere-se numa inovadora política geriátrica ao qual não será alheia a escolha do castanho para equipamento alternativo, de forma a não embaraçar os jogadores em momentos de falência intestinal.

O investimento em mais valias vintage obrigou os azuis e brancos a avultados investimentos em meios de reanimação, fraldas descartáveis e algálias só possível através da habitual parceria com a Doyen.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Coito interrompido

O jogador português é como aquele espermatozoide empreendedor, às voltas com o seu destino mas que teima em esbarrar num coito interrompido.
Primeiro foram os S20 a ficar pelo caminho no desempate por pontapés na marca da grande penalidade, nas ½ do Mundial da Nova Zelândia. A seguir foram os S21 a afinar pelo mesmo diapasão, no jogo de atribuição do troféu de Campeão da Europa. Ainda bem que o direito à presença nos jogos olímpicos não depende deste expediente senão…
É ponto assente a qualidade do trabalho desenvolvido pelas selecções de base da Portuguesa, com projectos consolidados numa estrutura de técnicos a que não são alheias as equipas B dos clubes onde a maior parte dos jogadores têm tido possibilidade de ganhar lastro para enfrentar os desafios colectivos. A actual fornada de atletas promete matéria-prima suficiente para assegurar o futuro da selecção principal e um nível elevado de competência técnica e o futebol enleante a que, por defeito, nos fomos habituando.
Se há mérito nas caminhadas recentes das selecções jovens é o de trazer à colação velhos hábitos de quase glória que fizeram do futebol português um candidato efectivo às vitórias morais e às cantilenas de azedume contra uma “sorte” madrasta que fez do fado uma alma tão nossa.
Com efeito, se no futebol o triunfo fosse definido pelo mérito e pelas vitórias morais, estaríamos no topo da hierarquia mundial. Dá-se o caso de alguém ter inventado esse pormenor tão singelo do golo para separar o trigo do joio, sublimando de forma tão subtil quanto amarga a diferença entre a lembrança e o esquecimento.
O jogador português é por definição habilidoso e lutador, apaixonado e inventivo, está mais crescido e possante, mas na hora “H” teima em ter medo de ser feliz. Como um karma colectivo, um anátema que nasce com a gente e para o qual ainda não se encontrou cura.
A velha questão da mentalidade continua a não ter correspondência na confiança com que se atacam objectivos. Conquistámos trinta metros aos anos 80. Agora só falta conquistar 11 metros. Alguém conhece um bom psicanalista?

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sporting Jesus de Portugal


A política desportiva do Sporting para a época que se avizinha tem um nome e chama-se Jorge Jesus.


Cansado de promessas de redenção de um passado de glória alicerçadas na contenção de despesas e no seu centro de formação, o presidente leonino deu a mão à palmatória e decidiu entregar a quem sabe a sua política desportiva para o futebol. 

A decisão de Bruno de Carvalho foi um vistoso golpe de mãos a pedir meças aos velhos tempos de Pinto da Costa. Numa penada, rompe com um passado recente de modéstas virtudes, trazendo para o clube o segundo melhor técnico português da actualidade com a confiança cega na verdadeira essência do papel bíblico do profeta da redenção nascido para os lados da Amadora.

Em matéria de apóstolos, as notícias dão conta de verdades contraditórias. Como tem sido apanágio do futebol português, a mentira de ontem é uma verdade de hoje. “Vocês sabem bem do que estou a falar”.

O novo timoneiro dos leões, escolheu para cúmplice da sua visão periférica, dois figurões que, por razões distintas merecem destaque na controvérsia e maldizer próprios do metier sportinguista. Octávio Machado, aquele que tudo sabe mas nada diz, frontal como uma manhã de nevoeiro, disposto ao contra-fogo com a experiência acumulada no meio da piromania e Manuel Fernandes, recuperado para as vicissitudes leoninas qual Lázaro, após ter sido corrido de Alvalade com o atestado de incompetência de pior funcionário do clube. Ele há coisas fantásticas não há?

Com a entrega do poder efectivo ao treinador tri campeão, o Sporting rompe de vez com o paradigma da formação em detrimento de uma fuga para a frente. O tempo o dirá se esta terá sido a melhor opção. Jesus passa a dispor de liberdade total na definição do caminho a seguir, algo de que nunca dispôs no consulado vermelho. Este saberá melhor do que ninguém o que é preciso para ser bem-sucedido de leão ao peito. Resta saber se os cofres leoninos estarão cheios para satisfazer os apetites do seu técnico.

Não restam dúvidas quanto ao nascimento de um novo Sporting, o tempo dirá se se tratará de um Sporting novo. Com o Benfica no início de um novo ciclo de retracção orçamental e a versão acastanhada de um FC Porto determinado em recuperar velhos hábitos (...!), Jorge Jesus sabe bem da responsabilidade que assume perante a história dos seus novos seguidores. Como o próprio enfatiza no seu tom peculiar, a estrutura são vitórias, sendo certo que, na sua sagacidade, o mago da Reboleira, saberá como ninguém que os obstáculos mais difíceis ao seu sucesso gravitam na esfera próxima do clube, cuja política se confundirá, para o bem ou para o mal, com a sua própria identidade. A eloquência cega e um tanto destrambelhada da direcção verde e branca à mistura com a habitual horda de agitadores no seio da corte leonina, torna o terreno movediço para um treinador obcecado pela glória. “Espelho meu, haverá alguém melhor do que eu?”.

A ver vamos se o criador se substitui à estrutura e se o casamento recente não desvalará em despedimento por justa causa. Pelo sim pelo não, o melhor é Jesus deixar de levar pastilhas para os jogos.

domingo, 21 de junho de 2015

Teoria da Batata


Se a teoria da batata fosse um facto cientificamente provado. Se eu fosse dado a teorias da conspiração ou do tipo desconfiado, estaria capaz de pensar que há coincidências tão descaradas que cheiram a esturro. 
Marco Ferreira, o árbitro de final da Taça de Portugal, época 2014-2015, foi relegado para a segunda categoria pela insuspeita Comissão de arbitragem da federação. Supostamente ter-lhe-á sido instaurado um processo disciplinar por eventual tentativa de pressão sobre um delegado.
O árbitro nega qualquer processo disciplinar, o que não quer dizer que não exista um inquérito a correr. Qualquer que seja a versão dos acontecimentos, a verdade é que não existe decisão pública sobre eventual procedimento federativo o que inviabiliza por si mesmo a sustentação aduzida para a decisão que atestou a despromoção do homem do juiz de campo madeirense.
Curiosamente, os árbitros são nomeados pelo conselho de arbitragem liderado por Jorge Coroado, supostamente e segundo o próprio, de acordo com a competência e o grau de exigência de cada jogo. Pois é…
Curiosamente é possível que um árbitro internacional possa passar de bestial a besta no espaço de uma temporada e logo atrás de suprassumos como Paixão ou Capela. Pois, parece que sim…
Curiosamente é possível ter um árbitro de segunda Liga a apitar uma final…
E ainda exigem respeito pela arbitragem. É preciso muita lata. Mais uma vez, a podridão vem de dentro e mancha aqueles que lutam para dignificar a classe. Classe! Isso mesmo, é uma questão de falta de classe e de vergonha da parte daqueles que alimentam um sistema sem rosto a quem todos devem e dele são cúmplices.
Alguém explica por que carga de água são os juízes avaliados por observadores sem categoria, ineptos e obscuros? Quem são eles? O que fazem? Para quem o fazem?
No mínimo os árbitros deviam ser observados por especialistas de créditos firmados na arbitragem, antigos árbitros internacionais ou por uma comissão alargada.
Já agora que os critérios de avaliação fossem públicos e regulares para se perceber a que tipo de aberrações estão os árbitros sujeitos antes de serem levados ao colo ou metidos numa jarra para amaciar.
Marco Ferreira foi o cordeiro pascal desta fantochada a que se chama arbitragem. Mero ato de propaganda para entreter os incautos e iludir os distraídos. Lá dizia o outro, é preciso limpar a merda toda da Federação.
Assino por baixo!





 

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Manchester United - Teatro dos Pesadelos

 
Ridículo, terá pensado Sir Alex Ferguson ao assistir à volta olímpica de Van Gaal, no final da sua primeira época ao serviço do Manchester United. Satisfação pelo “fantástico” 4º lugar alcançado, pura acção de propaganda ou simplesmente sintoma de senilidade precoce?
O que é certo é que o ex-seleccionador holandês não terá conseguido reprimir o alívio por ter garantido o apuramento europeu após uma primeira volta preocupante. Afinal, o que seria do Teatro dos Sonhos sem o regresso das suas noites Europeias? O que seria de Van Gaal?
Na verdade, não obstante o seu feitio truculento, a longa carreira treinador do país das túlipas, suscitava a crença no renascimento do todo-poderoso clube do Noroeste de Inglaterra aleado ao pormenor dos €200M investidos no reforço da equipa. Com jogadores como Di Maria, Falcão, Blind e até mesmo Marcos Rojo (!?), para além da base de luxo já existente, composta por Rooney, Van Persie, De Gea, Mata, entre outros, não havia espaço para menos do que uma firme candidatura ao título de campeão. 
Cedo os apaixonados discípulos de Sir Bobby Charlton viram goradas as expectativas de uma época de sonho, fruto de um futebol titubeante e anémico. Van Gaal, achou que a táctica se havia de sobrepor às vicissitudes do seu plantel e procurou impor o sistema de três defesas, transplantado da Holanda do Brasil 2014. Nada mais errado pelo que se havia de assistir no decorrer da primeira metade da temporada inglesa.  
Sem por em causa o sistema táctico de três defesas, não se entendem as adaptações de jogadores a funções para as quais não estavam rotinados, dispondo o plantel de elementos suficientes para o desenho holandês sem desvirtuar aquilo que cada um tem de melhor. Blind a interior esquerdo ou Rooney a médio de construção são exemplos do destrambelhamento do ex-seleccionador laranja, que entretanto se permitiu a secar mais-valias da qualidade de um Di Maria ou de um Falcão. Sendo certo que o avançado tem uma classe que lhe permite adaptar-se a papéis para os quais não está formatado, é no mínimo bizarro forçar a sua marcha atrás tendo em Mata jogador mais do que capacitado para estabelecer pontes com a zona da coruja. Resultado, Van Persie, abandonado à sua sorte na frente de ataque, trocando classe por suor, com reflexos no aproveitamento sofrível. Ao mesmo tempo que se propunha à sua revolução estratégica, Van Gaal, não conteve a sua sobranceria, expondo a sua manta de retalhos aos adversários, fazendo avançar a equipa até às imediações da grande área adversária sem a adequada correspondência com o equilíbrio posicional e a atitude pressionante, fundamentais para garantir equilíbrios. Luxos…
É verdade que existem atenuantes para a época sofrível dos diabos vermelhos como a onda de lesões que afrontou o plantel durante grande parte da época, em especial na defesa e também na zona central do meio campo mas encontrar justificações na figura abstracta do azar poderá ser demasiado parecendo certo que a equipa técnica terá tido também neste capítulo culpas no cartório ao não planear adequadamente a metodologia de treino de forma a prevenir lesões. A mudança de rotinas não tem impacto apenas ao nível das diferentes abordagens tácticas mas também na relação físico-atlética do jogador. Ao descurar-se essa evidência fomenta-se o fenómeno galopante deste tipo episódios. Não há coincidências.
Na segunda metade da época, com o plantel mais composto, Van Gaal recuperou a compostura, devolveu as feras ao seu habitat natural e o Man United fez-se renasceu para a vida, a pontos de enxergar a cabeça do pelotão. Não obstante o sprint final, o tão ambicionado título não passou de uma miragem para a equipa tendo de contentar-se com o regresso às competições Europeias o que, bem vistas as coisas, depois de um começo tenebroso como o aquele que experimentou, acaba por soar a um troféu digno de uma volta olímpica.
Na próxima época, se o United não regressar ao destino a que está obrigado pela sua História, o mais provável é que Van Gaal regresse ao seu amado Algarve mais cedo do que terá idealizado.


terça-feira, 16 de junho de 2015

A Caravana das Virtudes


Na senda de uma corrente tão comum no dirigismo desportivo português, Bruno de Carvalho faz alarde de ser alarve mesmo quando ninguém lhe pede para abrir a boca. É claro que vivemos num país (cada vez menos) livre (!?) mas isso não significa que possamos ou devamos cuspir perdigotos para os olhos das pessoas sempre que nos der na real gana. Por uma questão de dignidade e de respeito por nós mesmos e os nossos.
O Presidente do Sporting tem o direito a ser imbecil. Naquele tom gutural de betinho reguila, BdC, aproveita todos os momentos para insuflar o peito de ar e investir sobre tudo e contra todos, ao jeito de mártir incompreendido. Bem sabemos como acabam aqueles que se deixam ofuscar pela ilusão do seu reflexo no espelho. Há muitos como ele, no desporto e fora dele, para quem a fuga para a frente, mais do que um projecto de carreira é uma (estranha) forma de vida. Ah fadistas!
Fazendo uso de uma modernaça política comunicativa, Bruno de carvalho aproveitou mais uma vez as redes sociais para curar a azia do insucesso das modalidades do clube. Vai daí, de uma penada, tratou de culpar o Mundo (mais uma vez) pela sua desgraça. Segundo ele, O campeonato de Andebol, a taça de Hóquei e o nacional de Futsal, foram perdidos por erros de arbitragem.
É natural que, para quem trabalha 24 horas para e pelo clube, não reste muito tempo para análises aprofundadas ou para debater as verdadeiras razões do insucesso, mas convinha, para bem das novas auroras floridas, que o relatório não se resumisse a um copy past estafado, redutor e minimalista dos arquivos do passado. Algo contraditório para quem se insurge tão eloquentemente contra os seus protagonistas internos.
Aprender a ganhar faz-se também (e muito) da dignidade com que se encara a derrota e se aceita o mérito dos vencedores (Convenhamos que neste particular não existem diferenças entre os três maiores clubes de Portugal e a dor de corno é um mal que ataca todos). Quem conseguir decifrar os sintomas dos tempos e as suas tendências, mais capacitado irá estar para ganhar mais vezes.
 
Se bem que existam bruxas e que nem sempre ganhem os melhores, ninguém no fundo acredita que o tal sistema seja SEMPRE responsável pela incompetência. Por essas e por outras é que certos Estados se vão adiando, comprometendo o seu futuro e adulterando o passado…
Por falar em Estado, a ele se dirigiu o inflamado presidente dos leões, exortando a intervenção deste para a moralização do desporto nacional. Ao pedir a tomada de posição do Estado, BdC está a sacudir a água do capote e a assumir a incapacidade dos dirigentes desportivos portugueses para enfrentar os seus próprios desafios. Bem vistas as coisas, até nem fica mal a Bruno de Carvalho este arremedo de humildade. O que se estranha é a tamanha ingenuidade de pensar que quem menos faz pela moralização das instituições se proponha ao desconhecido. Sorte tem o presidente leonino se aqueles a quem se dirige não inventarem uma taxa para a verborreia. Se as palavras pagassem imposto, BdC tinha de arranjar um mealheiro para não se endividar… ou então um investidor angolano.
Bruno de Carvalho devia recorrer a acompanhamento especializado em patologias do foro psicanalítico. Talvez Freud possa explicar os seus complexos de perseguição e sua tendência para a conflitualidade. Às vezes o silêncio pode ser mais avisado do que o ruido inócuo. Tal não devia segredo para alguém que é um poço de virtudes. Mas talvez isso não interesse para nada.     


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Papoilas Saltitantes


Ora a ideia é apostar na formação para alimentar a equipa principal. Pois. Luís Filipe Vieira fala por uma meia verdade. É certo que o presidente do Benfica anunciou pomposamente e por decreto, uma equipa recheada de craques made in Seixal, e logo cinco (!). Nem mais nem menos. Uma mão cheia de panfletos para ilustrar o sucesso de uma década de investimento.
É inegável que LFV muito tem feito por uma das suas bandeiras predilectas, desde que pela primeira vez tomou posse como líder da marcha vermelha. A formação do jogador á Benfica, nado e criado na fábrica de talentos erigida para transformar a matéria, começou por ser uma quimera, após sucessivas gestões ruinosas e com a construção do actual estádio, que transformaram o clube numa entidade nómada, até começar a ver a luz do dia e a pronunciar auroras floridas (as papoilas saltitantes).
Ao assentar arraiais na margem sul, o clube soube construir uma estrutura sólida e competente, aliando num mesmo espaço físico, a tecnologia de ponta e os melhores métodos e profissionais. Inebriado pelo entusiasmo, Vieira, anunciou para breve a espinha dorsal da Selecção Nacional. É certo que o tempo é relativo, como as palavras. Nesta história de meias verdades, LFV bem podia estar a referir-se à sociedade global, estendendo os seus horizontes para lá das fronteiras lusitanas.
Com o dealbar da década, o Centro de Estágio do Seixal parece ter encontrado o seu ritmo ideal na produção de talentos. Dali têm saído nos últimos anos craques a troco de somas consideráveis. Como se diz da galinha, antes de o ser já era. Como se de um fenómeno se tratasse, o clube tem conseguido exportar os valores da sua cantera sem que o seja por via de uma natural exposição através da equipa principal. Se André Gomes chegou a ver a fazer alguns jogos na primeira equipa, outros como Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro ou Miguel Rosa, entre outros, pouco ou nada levaram para contar. Jesus sempre preferiu ganhar mais algum em comissões. Hábitos antigos…
Num plantel com vinte e cinco jogadores, dos quais cinco provenientes da equipa “B”, os sintomas apontam para mais um facelift profundo na base da equipa. Taarabt e Carcela, ambos internacionais marroquinos já assinaram, Zivkovic, está a caminho e os murmúrios apontam para outros mais. Mesmo dando de barato que Samaris, Pizzi, Gaitán, Talisca e Maxi poderão estar de partida, a política desportiva do clube da Luz evidência uma tendência para a circulação de jogadores que poderá não ser producente para um treinador acabado de chegar e com a pressão de substituir um técnico bicampeão.
No meio desta sangria desatada onde a Luz parece um entreposto de comercial, sobram dúvidas quanto ao efectivo aproveitamento de jogadores como Gonçalo Guedes ou João Teixeira os quais deverão estar talhados para outros voos mas longe da Luz, pela mão de Jorge “Midas” Mendes, já para falar das paletes que pululam no Seixal, à espera, quiçá, do mesmo destino.
A Rui Vitória caberá a última palavra, ou talvez não (estrutura oblige).

terça-feira, 9 de junho de 2015

Futebol ilusão (ou a ilusão do futebol?)

Final da Liga dos Campeões. Barcelona contra… os coisos. Na praceta que dá para as traseiras, um punhado de miúdos entretém-se a jogar à bola, sobre a calçada e por entre os canteiros de árvores débeis, numa versão moderna das peladinhas de outros tempos. Talvez acabem o jogo. Assim o queiram as consolas, à carga. 

Sem esperança, volto para dentro e abraço a nostalgia. Na televisão, o Barcelona insiste em tornar-se anacrónico, avançando em contramão com o sentido do jogo actual, espartilhado por teorias físico tácticas e por um léxico formado por basculações, transições defensivas e ofensivas, jogos interiores e sentidos posicionais. (!?)

O Barcelona insiste na recusa do futebol formal, das sombras cinzentas, incapazes de se distinguir de entre a paisagem e traz para dentro do terreno de jogo os vícios saudáveis de uma adolescência remota, partindo da rebeldia e do improviso para a ordem geométrica das coisas sérias. 

Lá fora, os putos riem e a bola foge. Alguém corre a resgatar a réplica perfeita da bola oficial, made in Tailândia, enquanto os outros dão uma volta de smartphone. 

De regresso à nostalgia. O losango dianteiro do Barcelona (Barça para os amigos ou simplesmente para os que gostam de futebol) é a oitava maravilha do Mundo e temo que esta apreciação só peque por defeito, pois há virtudes a quem Deus não teve tempo de atribuir significado, por distracção ou por intencional diferenciação entre o banal e o soberbo. 

Os quatro magníficos, observados de perto por um génio no ocaso da carreira, de seu nome Xavi, deleitam-se em campo, no seu estilo toca e foge. A baliza é já ali. Mas se fosse para ser fácil, Iniesta, Neymar, Luis Suarez e Messi teriam enveredado por um qualquer tacho na FIFA.

Na praceta, se a algum daqueles meninos perguntassem “o que queres ser quando fores grande?” por certo nenhum teria o discernimento de responder: “ser político”. Afinal a seriedade ainda é um dos pilares da educação familiar. Por enquanto jogar á bola parece um passatempo menos pernicioso… Ámen.

Ver Messi do outro lado do ecrã faz lembrar Maradona a partir pedra num distante Mundial no México. Neymar, o puto maravilha, com sorriso malandro de “garoto” de rua, jogando para a plateia e para o próprio umbigo.  Suarez, a gazua com o instinto mordaz dos iluminados, jogando com o coração ao pé da boca, de dentes serrados (!) perseguindo o horizonte de glória como se não houvesse amanhã. Last but not least, o pequeno geómetra, de promessa calva, escravo do passe curto, da visão periférica, do movimento perfeito, como se erro fosse uma ameaça à criação. Iniesta, Iniesta. Grande, grande.  

Fim do jogo. O Barça venceu os outros e arrecadou mais uma. Na praceta, o dono do jogo arrebanha a bola e parte sem se despedir, de smartphone a tiracolo. “Jogamos outra vez?” Atira alguém. "Logo se vê".

A festa é blaugrana. E de todos aqueles que se recusam a seguir o rebanho. De todos aqueles para quem a nostalgia do futebol puro os aproxima da mais próxima reencarnação dessas memórias.

domingo, 7 de junho de 2015

Neymar apoia 100% Jesus


Jesus e a última ceia?


Deixemos a origem da árvore das patacas para os especialistas em exoterismo ou talvez para os criminalistas. Para o ano é que é. A frase feita, cuja origem se perdeu e perpetuou no tempo, adquire para a próxima época um renovado significado, após a contratação de Jesus pelo Sporting.

A noticia caiu que nem uma bomba no espectro futebolístico português. Se nas ultimas semanas começava a ser evidente o divórcio entre o Benfica e o seu carismático treinador, nada levava a crer que o técnico se fizesse á vida no outro lado da segunda circular.

A verdade é que a saída de Jesus da Luz se fez anunciar por alturas de Dezembro quando Luís Filipe Vieira prometeu para a época seguinte uma aposta efetiva na formação do clube e uma retração no investimento do futebol profissional. Nas entrelinhas estaria subjacente um recado para o treinador campeão nacional cuja apetência pelo produto interno sempre foi por si ostracizado.

Neste sim ou sopas, o apóstolo da Reboleira cedo terá percebido que o seu ciclo estaria no fim. O que não se percebe é todo o alarido e incómodo evidenciado com o anuncio do ataque sportinguista. Sendo Jesus um treinador livre de contrato, é obvio que este possa tomar aquela que para si lhe pareceu a melhor decisão para o futuro. Se LFV não estava interessado na continuidade do técnico podia e devia ter tomado conta dos acontecimentos ao invés de se deixar iludir pelas consequências. Ambos podiam ter concertado o anuncio da despedida e poupar-se a fait divers de julgamentos de carácter.

Na verdade o que parece é. Ao jeito de um finge-que-vai-mas-não-vai, o presidente do Benfica assumiu a mudança de paradigma no projeto da sua equipa principal, com sérias dúvidas quanto a tratar-se de Jorge Jesus a pessoa adequada para levar a cabo a mudança e ao mesmo tempo mostrando renitência a largar mão de alguém com competência provada para conquistar títulos. Se LFV não tivesse dúvidas sobre a solidez da tal "estrutura", todo este rambório dos últimos dias não se teria transformado num "Ai Jesus" e até sorriria com irónica bonomia perante os acontecimentos.

Independentemente do folclore em torno do despedimento de Marco Silva, o que é certo é que o golpe de asa dos responsáveis do Sporting surje como uma amostra de repentina vitalidade num clube farto de andar na sombra dos eternos rivais, pronunciando uma inversão total na politica desportiva e de gestão do clube de Alvalade. A aposta leonina é uma clara fuga para a frente, investindo todas as fichas num all in de elevado risco.

Se o Sporting for campeão, terá todas as condições para voltar a rugir, se ao invés, a época não for produtiva, o clube arrisca-se a ficar órfão dos seus credores e á mercê de um retrocesso na sua identidade, voltando a uma obscuridade que lhe poderá hipotecar o seu futuro. A direção leonina está convicta de que os fins justificarão os meios. A ver vamos se o copo estará meio cheio ou meio vazio.






sábado, 6 de junho de 2015

Descubra as "diferenças"


Entrevista a Vale Azevedo que curiosamente, ou não, nos transporta para muitas frases / atitudes que o atual presidente leonino tem tido.


quinta-feira, 28 de maio de 2015

A Poeira dos dias

Para cumprir as responsabilidades assumidas perante os seus credores, os principais clubes portugueses têm de garantir receitas com transferências de jogadores, bem acima dos €50M por época. O FC Porto na última década e o Benfica nos últimos anos, tem sabido rentabilizar o forte investimento efectuado nos respectivos plantéis, garantindo a venda dos seus activos por valores record.

Embora a época ainda não esteja oficialmente encerrada, o êxodo anual já começou e a procissão ainda está no adro, se bem que com a dilação cada vez maior dos períodos de transferências, o andor nunca chegue verdadeiramente ao altar. “É a economia global, estúpido!” O FC Porto foi o primeiro a prometer o dote de um dos seus tesouros, numa fase ainda prematura das hostilidades, trocando por miúdos (milhões) a declaração de amor do Real Madrid por Danilo. Para Jackson estará á muito reservada a possibilidade de partida para destinos mais promissores e Alex Sandro desperta a cobiça dos tubarões europeus o que pronuncia dinheiro em caixa para os cofres do Dragão.

Também o Benfica, em especial no consulado de Jorge Jesus, tem habituado a sua tesouraria a jackpots regulares estando habituado a ver partir as estrelas mais cintilantes do seu plantel. Com a oficina ainda aberta aguarda-se guia de marcha para Cancelo e Gaitán, mas a feira ainda mal assentou arraiais e a extracção do minério da Luz promete novos episódios nos próximos tempos.

Esta tendência para os grandes negócios por parte dos dois protagonistas da nossa Liga resulta do forte investimento levado a cabo por estes, em parceria com as entidades bancárias e os chamados Fundos com os quais se tornou possível adquirir futebolistas de potencial elevado, devidamente rentabilizados em equipas competitivas, cujo retorno financeiro tem sido uma certeza por parte dos verdadeiros donos do dinheiro.

Porém, a crise do sistema bancário, aliada ao fim dos Fundos de Investimento decretada recentemente pela FIFA, pronunciam ventos de mudança no que toca á principal fonte de investimento dos clubes de segunda linha do futebol europeu, nos quais se enquadram os “grandes” do futebol português.

Chegados ao tempo das vacas magras, em breve se perceberá quem está mais preparado para se adaptar às circunstâncias. Com a debandada dos seus activos mais lucrativos e sem (tanto) dinheiro para vícios, a tendência será que as transferências milionárias sejam cada vez mais raras, a não ser que Benfica e FC Porto consigam descobrir novos Gaitáns, Danilos e Jacksons, a preço de custo nos mercados já muito saturados da América do Sul e Central (difícil). Desta forma não restará às respectivas S.A.D., outro caminho senão o de potenciar os jogadores da formação, sabendo porem que, tal como na agricultura, existem colheitas melhores do que outras com consequências nos lucros averbados.

O importante será garantir o escoamento de “produtos” com certificados de qualidade. Neste capítulo, diga-se, o Benfica tem sido exemplar; embora com méritos discutíveis no horizonte do plantel principal; apontando o caminho a seguir, de forma a rentabilizar os elevados investimentos efectuados nos seus centros de formação e a garantir a própria sustentabilidade dos mesmos.

Quanto a reforços e em tempo de vacas magras, o mercado interno parece ser uma tendência natural. Quem não tem cão caça com gato por isso, de bolsos meio vazios (ou meio cheios, para não ser tão pessimista) contratar intramuros garante apostas de baixo risco em futebolistas plenamente adaptados ao nosso futebol e de competência média interessante para satisfazer as novas exigências.

A tendência da Liga portuguesa será, portanto, para ver diminuído o fosso entre ricos e pobres por via de um abaixamento qualitativo dos seus protagonistas. O Sporting á muito despertou para a realidade. FC Porto e Benfica só agora começam a abrir os olhos. Bem-vindos ao Mundo real.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Bilal o puto maravilha do Twente



Bilal é nome de Laboratório farmacêutico mas pode ser em breve refrão para um craque. A imprensa divulgou por estes dias o interesse do Benfica no concurso deste jovem extremo do Twente. a confirmar-se a cobiça de United, Bayern ou Dortmund, o melhor apreciá-lo em video...

Rei morto rei posto

Especulemos…

O despedimento de Carlo Ancelotti do Real Madrid é a mais recente excentricidade de Florentino Pérez que, enquanto presidente dos blancos, habituou os adeptos a contratações estratosféricas e a despedimentos polémicos. Depois de uma temporada em branco, o colosso madrileno não se compadece com a história recente dos seus protagonistas.

Em apenas um ano o italiano desceu do céu ao inferno sem parar no purgatório, que é como quem diz, de bestial a besta, no imaginário próprio de um clube sem projecto de fundo para o futebol, onde a fama é efémera e o dinheiro não passa de um pormenor irrelevante. Dinheiro que; já agora; não será dos problemas mais importantes no futuro imediato do antigo internacional italiano, uma vez que o seu subsídio de desemprego promete ser ligeiramente mais elevado em relação à generalidade dos desempregados (!) 

Após ter conquistado a décima (Liga dos Campeões) para o Real; a segunda do seu currículo enquanto treinador; Ancelotti, concluiu a presente temporada sem conquistas e, não obstante o seu propalado espírito bonacheirão e a simpatia grangeada entre os jogadores, não resistiu a profusão de polémicas interinas no decurso da presente época, como a inveja surda de Bale relativamente a Cristiano Ronaldo ou as dúvidas de alguma (vasta) crítica sobre a iconoclastia vigente no balneário, com Casillas à cabeça. Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

Rei morto, rei posto. Com a eminente contratação de Rafa Benitez para novel treinador do vice-campeão espanhol, daqui a um ano voltará a dança das cadeiras na Casa Blanca

Mas voltemos a Ancelotti e á especulação que nos trouxe aqui. Agora que O Manchester City também deve estar para dispensar o seu treinador, não seria de estranhar que os citizens aproveitassem o balanço e avançassem para o ex-técnico do Real, garantindo um treinador á altura para a sua constelação de estrelas.


Já agora e porque não á fumo sem fogo, os mais recentes boatos provenientes da capital espanhola apontam para um descontentamento crescente de Pérez, relativamente a CR7, que a juntar á relação morna deste com a afición madrilista, aponta para uma eventual saída do jogador português. Para além disso, o craque luso veio a terreiro esta semana, em defesa de Ancelotti, divulgando uma foto nas redes sociais na qual presta o seu tributo ao timoneiro italiano. 

A Haver lógica nas minudências do futebol, bastaria juntar as pontas soltas para encontra-mos um final feliz para toda esta história. Estará eminente a sociedade Ancelotti & Ronaldo no outro clube de Manchester? A ver vamos.



segunda-feira, 25 de maio de 2015

A mão que encobre o lodo



O campeonato acabou e, como quase sempre, do lado dos vencedores e dos vencidos nunca nada é como foi, por ter sido obra de um velho sistema de costas largas atrás do qual se encobrem vícios e viciosas maneiras de encobrir o sol com uma peneira. Enfim, uma lusitana paixão pela inveja e pelo mal dizer a que a falta de cálcio não será alheia.
O Benfica sagrou-se bicampeão por culpa de um treinador sagaz que cedo percebeu que a matéria-prima ao seu dispor não dava garantias de enfrentar a contenda com a vertigem atacante que tem marcado o seu consulado. Assim, atirou às malvas a nota artística e optou por um registo eminentemente racional, aqui e ali pontuado por exibições superlativas mas que no global roçaram o quanto baste para salvaguardar o resultadismo. Paineleiros e demais especialistas do futebol indígena apressaram-se a encomendar as exéquias dos encarnados face ao êxodo de parte da sua espinha dorsal. Contudo, a realidade viria a mostrar a quão prematura extrema-unção e lá tiveram de meter a viola no saco.
Começando pela baliza, nunca restaram grandes dúvidas quanto á mais-valia que representava um guarda-redes a meio caminho entre a experiência e a veterania. Sobre Júlio César pairava a sombra de um; tão grande quanto esquivo; Oblak que realizara uma época notável como número 1 da baliza lampiã e as feridas mal saradas da tareia com que o Brasil fora brindado nas meias-finais do Mundial. Com o tempo e após muito se ter verberado sobre lesões crónicas, o internacional canarinho recuperou a sua aura de campeão e os pergaminhos de excelência do passado.


No defeso o Benfica perdera Garay, insubstituível em função da classe muito acima da média que passeara pelos relvados com o emblema da águia e esforçou-se para garantir no mercado jogadores de valor aproximado. Por opção técnica, César e Lisandro Lopez nunca viriam a convencer e foi em Jardel, que o treinador veio a depositar total confiança para formar dupla com o omnipresente Luisão. O patinho feio transformou-se num cisne, garantindo exibições seguras que surpreenderam os observadores e satisfizeram adeptos.   
Samaris passou metade da época a adaptar-se ao papel de pivôt defensivo e a outra metade a provar á saciedade o jeito de Jesus para transformar o joio em trigo. Neste momento, sem que que sobrem garantias para a sua permanência, o grego apresenta-se como indiscutível para o ataque á nova época e o resto são “pinets”.
Com a debandada de Enzo Perez, a sangria benfiquista viria a conhecer novo capítulo e Jesus foi novamente forçado a recolher ao seu laboratório de alquimista para trazer a público um novo box-to-box. Mais uma vez, os viscerais desconfiados da praça anteciparam a debacle eminente. Contudo, como num toque de mágica, os encarnados conseguiram manter o equilíbrio estrutural, inventando Pizzi para uma função que se julgava órfã. Talisca, perdera o fulgor inicial e nunca chegou a convencer a exigências da posição 8 no esquema de JJ e Ruben Amorim passou a época a recuperar de uma prolongada lesão. Embora sem deslumbrar, o transmontano satisfez as exigências, demonstrando apreciável capacidade de adaptação ao lugar disfarçando o deficit de agressividade defensiva através de uma técnica acima da média e boa leitura de jogo, acabando a época com nota positiva sem no entanto afastar de parte a necessidade do clube procurar no mercado uma solução mais eficaz.
No ataque, fazendo dupla com um Lima de pedra e cal nas preferências de Jorge Jesus, Talisca “Mc Queen” debutou com estrondo, martelando as redes com uma sofreguidão fora do comum para um jogador desconhecido no mercado europeu e dobrou o primeiro terço do campeonato com 8 golos na conta pessoal. A ânsia pela criação de novos heróis foi tal que depressa se dispuseram pretendentes ao dote, com o Chelsea à cabeça, através do canto de sereia do Happy One. O tempo encarregou-se de deitar água na fervura e a montanha pariu um rato com o brasileiro a eclipsar-se pouco a pouco. Para memória futura fica a técnica individual acima da média, a velocidade e o forte remate do esquerdino que, com tempo para umas tão reclamadas férias não terá na sua segunda época desculpas para oscilações exibicionais tão latentes. A rever.
Para o eclipse de Talisca contribuiu em grande parte o aparecimento de Jonas. O avançado, proveniente do Valência chegou com o comboio em andamento mas depressa provou tratar-se de uma mais-valia, demonstrando classe e capacidade finalizadora, empurrando o seu conterrâneo para uma tão esforçada quanto inconsequente adaptação ao meio campo ou uma alternativa nunca efectiva á posição de extremo. Com efeito, Jonas, baixo e franzino faz lembrar um certo João Vieira Pinto, na morfologia e na maneira como desenha o seu papel em campo.
Posto isto, o renovado campeão teve o mérito de ser uma verdadeira equipa, corporizando na plenitude o lema que exibe no brasão, sem estrelas maiores nem desculpas menores, percebendo cedo que os campeonatos se ganham na singularidade de premissas comuns, percebendo os sintomas de dias maus e adaptando-se às vicissitudes do jogo, com coragem, inteligência e, já agora, sorte.

Há quem fale em colo, em manto, há calimeros e outros traumas. Para quem gosta de decifrar os sinais do Tempo, não deixa de ser sintomático o discurso repassado e redutor sobre conspirações e cabalas. O primeiro passo para o declínio é a cegueira daqueles que se acham acima de qualquer incompetência, como os discursos de governos autistas que nos conduziram ao lodo.  O melhor de dois mundos para os vencedores…



segunda-feira, 18 de maio de 2015

Estrelas de papel pardo

Antigamente a canalha acordava cedo para não chegar atrasada à escola. Todos os dias eram dias para um joguinho de futebol no remediado campo de terra batida em frente ao liceu.
Os primeiros a chegar faziam as equipas. Depois chegavam outros e mais outros, muitos. Todos contra todos, desde que houvesse bola, era vê-los correr numa vertigem maior do que a sua compreensão. Suavam-se as estopinhas em autênticas finais sem lugar para complacência e quando o dono do tesouro maior não aparecia, a malta desenrascava-se ao futebol humano, no qual o corpo se substituía ao esférico no seu destino de fura-redes. Quando soava o toque, dispersava-se para a sala de aula, sacudindo da roupa o excesso de pó, exibindo as escaras dos joelhos como troféus de uma luta benigna e mágica.
No tempo do futebol puro o conhecimento era empírico, dos pés à cabeça, de calças rotas e ténis de boca aberta, sem o cheiro a novo das réplicas perfeitas das escolas de futebol nem dos sonhos formatados em laboratórios franchisados que cresceram como ervas daninhas pelos centros urbanos.
O menino cresceu, fez-se homem e descobriu na teimosia empírica que o futebol nasceu para todos mas nem todos nasceram para ele. Seguiu o seu caminho à sombra do jogo, comprando um lugar do lado de lá do tapete verde, aos brados, por vezes em lágrimas, por entre a turba de outros ex-futuros craques, sonhando com a ressurreição através dos olhos da descendência.
Em menos de nada, está o menino inscrito numa escola de futebol, fardado a rigor e com ar de craque em miniatura. Há lugar para todos e a nenhum é negada a esperança de altos voos, mesmo que ainda não saiba correr, que seja coxo de uma perna ou das duas, não veja, não ouça ou que confunda futebol com Lego. Viva a democracia. Desde que pague, não se impede ninguém de acreditar em Bolas de Ouro ou em Ligas dos Campeões.
As escolas de futebol são um sinal dos tempos, destes tempos de suspeita racionalidade em que entidades mascaradas de mercados, substituíram o papel dos ditadores no despotismo das sociedades modernas. Tudo tem um preço, tudo se resume á esfera numerológica que a lógica, essa, é uma batata.
O futebol como fenómeno maior de aglutinação de afetos tornou-se de á muito um espaço privilegiado para os mercados se alimentarem dos milhões que caem do céu provindo de lugares exóticos, como quem compra estrelas com amendoins. Embora sem movimentarem milhões, as escolinhas tornaram-se com o dealbar do Século num fenómeno empresarial que aproveitou as mais imaginosas obsessões futebolísticas dos papás.
Esquecem-se que o talento nasce de geração espontânea. Cristianos Ronaldos não se compram no supermercado nem em lojas de conveniência embora seja de toda a conveniência fazer render o peixe enquanto a maré está cheia.
Na verdade, criar condições para a aprendizagem e desenvolvimento da prática do futebol até pode ser benéfico desde que não se perca de vista a pureza lúdica do jogo selvagem. Aproveitar o talento puro e optimizar as valências juvenis devia ser o foco das escolas de futebol sem descurar o fundamental amadurecimento humano do individuo enquanto projecto de ser Social. Tal no entanto não parece ser condição primeira nos projectos empresariais destas escolas.
Uma observação atenta do quotidiano destes espaços permite aferir que a metodologia empregue se destina ao ensino dos fundamentos básicos do jogo a partir de uma lógica de competitividade que permeia o individuo e não o desenvolvimento das suas competências numa lógica colectiva.
O mais chocante é ver que o núcleo fundamental para o crescimento equilibrado; a família; é o principal elemento desestabilizador do carácter da criança. Basta assistir a um qualquer encontro de escolinhas e assistir ao espectáculo triste do incitamento à agressividade muito para além da normalidade entre formadores de gente, ao ponto de serem, tantas vezes, as próprias crianças a educar os pais para o fair play.
Tão ideal quanto utópico seria adaptar o futebol de formação à formação de pai, fazendo depender o sucesso daquele aos méritos deste.
Da (de)formação de base se justificam os excessos, a violência que tanto condenamos e que é sempre culpa dos outros, nos estádios e fora deles.
Não existem craques sem Homens. Formar para o jogo vai muito para além do passe e o remate, da defesa ou o ataque. Ensinar futebol é também ensinar cidadania, porque a vida é apenas um jogo.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

A face e o espelho


Que o Bayern vs Barcelona da edição 2014/15 da Champions League fez lembrar uma espécie de autofagia em que criador é subtraído pela sua própria consequência, lá isso fez.

Que o Bayern vs Barcelona fez lembrar uma alegoria poética sobre esplendor e queda, lá isso fez. 

Onde acaba Guardiola e começa Messi? E o Bayern? Que futuro para o tiki taka à alemã? Existirá tiki taka ou tudo não passará da ilusória mistificação de um deus argentino, versão Século XXI?

Ao longo da história do futebol sempre existiram treinadores vencedores. Senhores da estratégia e da exaltação, exímios na condução de homens e na arte de transformar sonhos em matéria. Mas de entre estes, alguns se destacaram dos demais pelo dom da reinvenção, transformando a bola num objecto artístico como outro qualquer. 

Pondo de parte a horrível personificação do estilo, a que se chamou catenaccio, pela mão de Herrera, para a história ficará para sempre o futebol total de Rinus Michels, que transformou a Holanda numa laranja mecânica, na década de 70 do século passado. A plena essência da liberdade criativa ao serviço de uma vertigem atacante personificada por intérpretes de elevada nota artística (!), capazes de transformar o futebol em algo mais do que um simples jogo. 

Por falar em arte, que dizer do futebol sambado do Brasil de 82, em que uma bateria de solistas transformou o Mundial numa obra prima do pontapé na bola? Mas este não era um sistema, antes uma super banda em que cada um tocava para si mas sem notas soltas, numa afinação quase perfeita.

O futebol arte, transformou o futebol no maior espectáculo do Mundo, ao ponto de Deus fazer questão de descer á Terra e iludir a lógica colectiva do jogo pelos pés (e já agora, pela mão) de Dieguito, com expoente máximo no México 86, quando fez questão de dar sentido estético a uma frase batida. Em campo era ele e mais dez. Mas isso não era futebol, era Maradona.

Em pleno Século XXI, quis o destino num dos seus sortilégios que na Barcelona de Gaudi, nascesse uma nova tendência artística que haveria de decalcar-se no tempo como uma suprema derivação plástica. Sim ainda falo de futebol. Sim falo do Barcelona de Guardiola, um jovem treinador sagaz para quem a vitória por si mesma não pode sobreviver sem o prazer estético.

Aproveitando os filhos pródigos da sua cantera, Dom Pepe impôs o prazer quase provocatório do passe curto, jogando ao esconde-esconde como um bando de crianças despreocupadas numa tarde de Verão.

Exercendo uma pressão alta de elevada intensidade, este exercício estilístico depende sobremaneira de uma obsessiva procura pela bola e respectiva reacção à sua perda, da capacidade sublime de tratar o objecto como um adorno e de a esconder do adversário num envolvimento colectivo de todos os intervenientes. Uma reinvenção do futebol total com tiques de malvadez e um certo gosto pelo supérfluo. O Barcelona de Guardiola foi o melhor sistema defensivo (!) que conheci. O casamento perfeito de uma bipolaridade futebolística no qual e ao mesmo tempo, dois planos distintos se sobrepõem harmoniosamente.

Quando assumiu o comando do gigante bávaro, muitos se questionaram se este sistema teria cabimento numa realidade antagónica ao diletantismo blaugrana. Disposto em afrontar a lógica implantada, Guardiola deitou mãos á obra e transformou o Bayern numa personificação da sua própria criação. Deitando mão de um punhado de grandes jogadores e aproveitando os que já lá estavam, o técnico esteve perto de provar à saciedade que esta maneira de encarar o jogo podia sobreviver á sua origem e suplantar as fronteiras da sua Catalunha natal. É certo que o campeão alemão chega a provocar temor, tão depressa quanto se deixa enlear na letargia, que outras vezes, menos é certo, lhe provocam arrepios e problemas de identidade.


Dá ideia que faltará a este Bayern um pequeno pormenor para ser sublime. Messi. Já agora também um central de inegável categoria. Se relativamente a este ultimo tal dependerá da vontade, no que diz respeito ao primeiro a coisa já depende de toda uma roda do tempo.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Caniches, patetas e outros disparates

Era uma vez um caniche que ladrava muito  e andava sempre aos saltinhos para dar nas vistas. Este caniche tinha pedrigree mas vivia amargurado com a sua pequenez, culpando tudo e todos pela sua frustrante incapacidade de ser o que não é. Com o tempo foi perdendo a lucidez  e só ás portas da morte percebeu que o tempo tinha passado sem que do seu engenho se fizesse noticia, para alem do seu latir nervoso.

Paulo de Andrade não é um caniche mas bem podia ser. Naquele seu jeito tão leonino (!?) de ser vítima de si mesmo, insiste nesta estranha autofagia. Esta semana, resolveu verbalizar uns quantos latidos de circunstância sobre uma velha cassete de fita gasta guardada num sotão de telheiras, entre macaquinhos com complexo de perseguição, o que até vem a propósito em período de definição da Liga, coisa em que o Sporting não tem sido visto nos últimos anos. Vai daí, resolveu aproveitar o tempo de antena que lhe foi dado na CMTV para com a naturalidade de um lunático, culpar a arbitragem por mais uma época a ver passar os comboios. Francamente, se não fosse o respeito pelo mundo animal, mandava este caniche para a Coreia... (http://playwire.com/)

A propósito do mundo animal, quem nunca ouviu falar da história do ovo e da galinha, aquela que antes de o ser já o era? Na habitual conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Benfica, José Mota aproveitou para contar a sua versão deste conto, dissertando com o sentido de humor possível, sobre a sua estranheza e do resto do Mundo pela nomeação de Capela para este jogo. É verdade que Capela faz parte daquele leque de árbitros simplesmente incompetentes que sujam a arbitragem nacional, mas daí a tomar como suas as dores alheias, vai para lá do altruísmo militante. Esta moda da crítica futurologista diz bem da personalidade rasteira de uma certa espécie de agentes do futebol português. Em matéria teatral, Mota terá muito mais a aprender se ler o Auto da Barca do Inferno ou Auto da Visitação para saber a respeitar os tempos de um espectáculo...


Por falar em ridículo, Em entrevista ao SOL, Jorge Jesus entendeu qualificar Lopetegui de "corajoso", acrescentando que o basco havia subido na sua cotação. depois do episódio do clássico de domingo. Por uma questão de piedosa bonomia, o mister da Reboleira, podia aproveitar para ficar calado e a atitude acriançada do treinador dos dragões bastaria para falar pelo seu autor. Mas não, como quem tira com uma mão e tira com a outra, JJ, acrescentou que Lopetegui "é um lider como homem... a qualidade como treinador é outra coisa". Lá dizia o outro, não havia necessidade (http://sol.pt/noticia/389173).



quarta-feira, 29 de abril de 2015

Hot Cherrie

Há pouco tempo apeteceu-me jogar FM e escolhi a Liga Inglesa. Para a coisa ter mais interesse decidi pegar numa equipa do Championship, que equivale a uma segunda divisão, mas fiquei indeciso. Para facilitar a minha decisão fui ao Google Earth procurar por um clube que fosse representativo de uma cidade costeira a sul mas que não fosse  Portsmouth, que me podia trazer pesadelos recorrentes com a fronha do Pedro Mendes – Cruzes canhoto! Foi então que dei de caras com Bournemouth, cidade simpática, de extenso areal onde o cinzento me pareceu menos sorumbático, no sudoeste da velha Albion. Em que é que a localização é importante para um simulador de jogo? Nada. Apeteceu-me, pronto. Podia procurar por simbologia alusiva a produtos frutícolas ou pelo rácio de habitantes com problemas de continência, mas optei pela geografia, sempre soa menos a palermice.

Tal vem a propósito da inevitável ascensão do Athletic Football Club Bournemouth à Premiership na época 2015/16. Em 2008 o clube gravitava na Division Two, o equivalente a uma quarta divisão, vivenciando a maior crise financeira da sua modesta história na sequência da qual lhe foram subtraídos 17 pontos e viu-se em risco de ser relegado para a subcave das competições inglesas para apodrecer num qualquer afluente da Conference League.

Sob o comando de Eddie Howe, ex-jogador do clube, os Cherries viriam a conhecer uma ascensão meteórica que, em seis épocas, os conduziriam à glória eminente, que, a acontecer será a primeira vez numa estória que começou em 1899. Até aqui, o melhor que tinha para contar à descendência haviam sido as três épocas em que gravitou na segunda divisão, entre 1987 e 1990 sob os auspícios de Harry Redknapp, com quem se sagrara campeão da terceira divisão, na época de 1986/87.


Por este clube passaram Harry Redknapp, jogador, o seu filho Jamie, que ali fez a sua estreia com a precoce idade de 16 anos, Darren Anderton, Jermain Defoe, Steve Fletcher ou o icónico George Best.

No mundo virtual, em duas épocas, subi do Championship para a Premierleague e daí para a Europa foi um ápice. Mas isso aconteceu no PC, já agora à custa de muito restart. Quanto ao Bournemouth de carne e osso, não restará outra alternativa do que viver a sua doce utopia  entre os maiores de Inglaterra, como se fosse a última e esperar que entre fantasia e realidade a diferença não seja assim tão infinita.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...