A posição de #lateral tem hoje uma abrangência de conceitos que difere, em muito, da forma clássica como era encarado o "defesa direito/esquerdo" de antigamente.
Quando falamos de um defesa lateral podemos não estar a falar de um ala e vice versa. O conceito muda, de acordo com a acção específica que cada treinador preconiza para o seu modelo de jogo. Assim, numa equipa com iniciativa atacante, como os "grandes", esta posição é eminentemente ofensiva e crucial na criação de desequilíbrios atacantes, dando profundidade ao jogo colectivo. Nas equipas de "tracção a trás", esta função é mais posicional, vocacionada para a marcação e o apoio do espaço central.
A formatação desta posição específica não é fácil, pois ao lateral moderno, mesmo entre os clubes de menor dimensão, exige-se que seja completo ou seja, com disponibilidade física e cultura táctica para se dividir entre o impulso atacante e a compensação defensiva, momentos eminentemente antagónicos e na maior parte dos casos, inconciliáveis. Daí que, num exercício de memória sejam poucos os jogadores dignos de figurar entre a elite dos "cromos" da bola a nível mundial e que tenham feito carreira a lateral. Digam lá se não foi um encanto ver jogar #Roberto Carlos ou #Paolo Maldini? Que dizer de #Maicon ou de #Philipp Lahm que por estes dias são dois dos expoentes máximos da especialidade?
Outro dia, quando vi as declarações de #Jamie Carragher na Sky Sports, parodiando #Gary Neville, afirmando que ninguém queria ser como ele, recordei-me dos treinos de captação que cheguei a frequentar e onde, invariavelmente, o "mister" nos encostava a defesa direito/esquerdo quando nos perguntava em que posição queríamos jogar e a malta, encolhida, respondia: qualquer uma.
Não é por acaso que em Portugal esta posição específica percorre uma travessia no deserto, de à uns anos a esta parte. Normalmente os laterais nascem de segunda geração, enxertados de extremo ou de defesa central. É uma questão cultural ou de falta dela.
Assim sendo, parece fundamental estabelecer planos congregados de planeamento e formação especifica posicional, visando alimentar o espaço da #Selecção com soluções viáveis e de qualidade, não só a lateral mas (e de que maneira) a ponta de lança. Este trabalho, coordenado pelos técnicos da #Federação, desenvolver-se-ía ao nível dos clubes e reuniria a experiência e o saber dos melhores executantes nacionais (do passado e do presente) ou mesmo recrutados no espaço internacional.
Claro que estratégias deste género obrigariam a uma reflexão conjunta dos agentes desportivos do futebol português e a um esforço congregado para a acção, o que, com dirigentes destes, mais interessados em atear fogos e a colher tempestades, não passaria de mera utopia.
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